domingo, 22 de setembro de 2013

MAS ISTO É PASSADO...



Há muito, muito tempo atrás, numa época em que a disputa do mundo se dava no campo, as famílias precisavam de mão de obra para arar, plantar, cultivar e colher. Daí a grande quantidade de filhos.  
Era um tempo difícil e de pouca compreensão do mundo. As grandes distâncias impossibilitavam o conhecimento de outros povos, outras culturas e, portanto, não existia o intercâmbio de informações. 
A rotina era simples e com um objetivo claro: vencer sem sutilezas. Um mundo desprovido de discussões “tolas e acadêmicas” como direitos individuais, de classe, de gênero e de raça. Um mundo movido à força. 
Os filhos mais fracos eram vistos com desconfiança pelos pais rigorosos – um tempo de gravidez e expectativas desperdiçadas com uma capacidade de trabalho limitada e sem futuro.   
Já que estavam ali, esses fracos eram criados mais ou menos como os outros, porém sem a aprovação dada aos mais fortes, os que saiam para o trabalho duro do campo, os que suportavam horas de enxada sob um sol impiedoso, os que desciam o morro lado a lado com os mais velhos, os embrutecidos embrutecendo os embrutecedores de amanhã. 
Os fracos cresciam convivendo com as chacotas de pais, irmãos, vizinhos e quem mais quisesse – era um tempo difícil, toda diversão era bem vinda. 
Esses seres sem futuro acabavam se ajeitando no mundo, graças à posição na fila garantida por Deus: Os últimos serão os primeiros. Casavam-se, tinham filhos. Embrutecidos pelas razões inversas, jogavam nos filhos as mesmas regras, os mesmos costumes, dando seguimento a uma sociedade fundamentada no custo-benefício. O amor, produto raro, era reservado aos que fizessem por merecer, os bem-aventurados fortes e resistentes premiados por Deus, Este sempre invocado para dar legitimidade a toda forma de brutalidade.   
Mas isto foi há muito, muito tempo atrás. Hoje todo mundo sabe que essas coisas não existem mais... 
O curioso é que volta e meia encontramos pessoas que enaltecem a violência como forma válida de educação. Incapazes de decifrar o mundo em que vivem, levantam os braços aos céus por terem sido doutrinadas desta forma. 
Não compreendo. Deve ser resultado de algum elo quebrado viajando no tempo.

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