sábado, 4 de dezembro de 2010

UM INTERVALO PARA

Esquecer o que o tempo me cobra, o que a vida me leva.
Esquecer as escolhas erradas e as convicções tardias.
Esquecer minhas certezas frágeis, a fé cambaleante.
Esquecer as lembranças em postite e os calendários atrasados.
Esquecer a sombra na parede, a poesia das noites escuras.
Esquecer a fala mansa dos homens e o corte afiado da língua.
Esquecer a urgência de ser, a falácia de me posicionar.
Esquecer o desespero das preces e a cumplicidade das catedrais.
Esquecer o resto sujo das ruas, nossos pedaços pelas calçadas.
Esquecer a crueldade dos dias e o massacre da vida que se repete.
Esquecer o que poderia ter sido, sabendo que nada volta,
Nada cede,
Tudo cansa.