segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

JOGO SEM JUIZ.

Você olha o relógio e pensa que o tempo passa na forma de um círculo. Engano. Ele passa numa linha reta como uma lâmina sem imaginação. Você marca os dias e minutos porque quer. Convenção. O tempo não ta nem aí. Você pisca e ele já foi. Te apavora ver que tudo vai escapando? Acho que não vale a pena. O jogo começou faz tempo e esqueceram de avisar o juiz. Acorde!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

PERDOE-SE EM PRIMEIRO LUGAR.

A nossa casa em Santo André era grande e quando eu e o Antonio tocávamos violão juntos eu gostava do eco que fazia na cozinha. Nós compramos juntos os violões. O meu era cor de marfim e o dele era avermelhado. A gente não tinha nenhuma pretensão com aquilo, que eu me lembre. Acho que era só por diversão ou fazer bonito com as garotas, sei lá. O que interessa é que a gente se sentava na cozinha e tocava algumas coisas que aprendemos numa revistinha chamada Violão e Guitarra. Era sempre a noite e a porta da cozinha, no tempo do verão, ficava aberta e uma brisa gostosa atravessava a casa. Caramba, a gente cantava Roberto Carlos: "Eu cheguei em frente ao portão, meu cachorro me sorriu latindo...", Belchior: "Há tempo muito tempo que eu estou, longe de casa, e nestas ilhas cheias de distância, o meu blusão de couro se estragou...", The Hollies: "...all I need is the air that I breath and to love you...", alguma coisa de Credence, Beatles e outros. Não éramos bons, mas era bem legal.
O Antonio hoje tá reconstruindo a vida dele na casa onde viveu meu avô. Comprou um terreno e vai construir uma oficina. Ah, e comprou um cavalo também. As notícias que tenho é de que ele está feliz. Eu estou tentando fazer um filme e terminar um livro e montar uma peça e pintar um quadro...
Aê, Antônio, olha só. A gente não errou, não. Foi uma coisa que passou e pegou a gente descuidado. Acho até que nós somos dois caras bacanas. Sobrou a diversão, é ou não é?