domingo, 27 de junho de 2010

TEIMOSIA.

Enquanto me sobra disposição e insistência, talvez a burrice travestida, eu vou rabiscando meus planos. Pode ser que seja a coisa mais idiota do mundo um sujeito ter planos aos 53 anos, mas eu não ligo pra torcida. Posso ficar cabisbaixo às vezes, como o Buster Keaton da foto aí do lado, mas é da vida. Altos e baixos e olhando pra frente. Eu reconto os anos todos os dias pra não esquecer que tive que recomeçar do nada, e isto não é pouco não minha gente. Sei de alguns que teriam resolvido tudo com um tiro na cachola. Mas eu tenho um grande apego à vida por mais estranha que ela possa parecer de vez em quando. E tento não olhar em volta para não ficar me comparando àqueles que se deram bem. São circunstâncias completamente diferentes e o mérito não depende delas. Pode ser que tudo fique para a próxima, se houver, se o cabo não for desligado definitivamente nesta quando chegar a hora. Como não sei, sigo. Com alguma ilusão de que estou criando o que me espera na virada da esquina.

sábado, 26 de junho de 2010

A VIDA SEGUE.

Nem acho que seja tanta coisa. Mas toma bastante meu tempo por toda expectativa que geram. E vocês sabem, expectativa=frustração. Não dá pra ser diferente. Quem se mete com arte, seja ela qual for, vai aprender a viver com esta palavra, frustração.
Pouco importa. Estou captando recursos para um longa metragem (Proteção). Acabei de publicar um livro (Norte toda vida) no Clube de Autores. E uso as redes socias, Orkut e Facebook pra tentar divulgar meu trabalho e conseguir algum apoio.
Enquanto não alcanço o valor do filme, estou escrevendo um roteiro para ser realizado com 3 atores, em Minas, sem dinheiro, com a minha câmera velha, que é o que tenho.
E assim se vai. Não vejo como mudar isto agora.
Estou saindo de dois dias de uma dor de cabeça muito forte. Isto me irrita e me tira a concentração. É isto.

sábado, 5 de junho de 2010

Como algumas pessoas estão colocando em dúvida este assunto, eu publico novamente o texto a respeito do meu tempo de boxeador:

sexta-feira, 9 de maio de 2008
MINHA VIDA DE BOXEADOR
Pouca gente sabe, mas já fui boxeador e quase cheguei a profissional. Poderia ter sido em qualquer categoria pois eu tinha problemas sérios em me controlar com a alimentação. Ia do peso-pesado ao peso-pena em questão de dias, conforme o humor e a falta de dinheiro. Nunca fui muito alto e o máximo a que cheguei foi 1,78m, nos dias em que eu me achava importante e capaz de mudar o rumo da vida. Treinava num ginásio ali perto da rua do Gasômetro, na época que o gás da cidade era fornecido pela Brish gues, era assim que o povo dizia. E daí se vê que eu devo ter hoje uns 110 anos de idade. O ginásio era pequeno, com dois ringues, um banheiro e um cano na parede de onde descia um jorro grosso de água, gelada na maior parte do tempo. Era bom, porque batia com o que tinha em casa. Não faz bem pegar gosto com coisa boa e diferente e depois refugar na hora de voltar pra miséria. Eu treinava sempre com o Zédinho, um sujeito mais forte e bem mais ignorante do que eu, que vivia de desentortar botijão de gás, profissão muito reconhecida naquela época. Aqueles que se dizem "martelinho de ouro" deveriam ver aquilo. Era um tipo quadrado e sem pescoço, de fala confusa e muito bruto na hora de descer o braço na gente. E tem mais, lutava sem luvas porque dizia que era bom pra engrossar os dedos mas o fato, diziam, é que não havia luva do tamanho pra acomodar as patas do Zédinho. O treinador, seu Borges de Medelin, tinha nascido numa cidade perto do Vale do Jequitinhonha, no tempo que aquele lugar era miserável, bem diferente do que é hoje, como se sabe. Era um senhor de fala mansa, que parecia não se importar nem um pouco com o nosso futuro, embora nos contasse várias mentiras sobre grandes conquistas de atletas em outras épocas, sempre antes das lutas. Foi o precursor dessas palestras motivacionais de hoje em dia, de onde o sujeito sai olhando pra cima só na espera do universo conspirar a favor. Borges de Medelin teve dezoito filhos e todos eles trabalhavam no ginásio e riam muito durante nossos treinamentos. Não havia muita diversão naquele lugar, muito menos pra tanta gente de uma familia só. Nem eu nem Zédinho demos seguimento a profissão, apesar das muitas vitórias que tivemos sobre uns lutadores de menor envergadura de uma academia ali da Mooca, perto da linha do trem.
Encontrei Zédinho jogando sinuca outro dia, num buteco ali perto do Carandiru. Ele me abraçou e chorou muito quando me viu. E não posso dizer que não fiquei emocionado também. Conversamos muito sobre aquele tempo e tudo o que aconteceu com nossas vidas depois daquilo. Depois de certas novidades que o Zédinho me contou, eu vou ter que voltar neste assunto mais pra frente, só pra corrigir algumas imprecisões que eu carregava na memória a respeito daquele tempo.