terça-feira, 27 de abril de 2010

A RESPOSTA POR UM FIO.

Eu morei numa casa a beira de uma estrada de terra e havia uma porteira logo a frente, isto faz uns cinquenta anos. Eu me lembro que gostava de cruzar a porteira só pra ouvir o som dela batendo no mourão, uma, várias vezes, repicando a batida que ia ficando cada vez mais breve e mais suave. E do lado de lá era que eu sentia um certo deslocamento, a sensação de experimentar alguma coisa fora do lugar, e parecia que uma voz me mandava seguir pela estrada em frente, pra buscar algo. Nas minhas constantes reavalizações, eu sei que já peguei aquela estrada várias vezes e sei também que continuo procurando a causa daquela sensação. Sei o que está errado, não tenho a solução mas quero entender porque isto me incomoda. Criando eu me encontro diante da iminente resposta e por isto insisto. Eu procuro me distrair no prazer que esta trajetória me tráz e da dureza que ela encerra.