terça-feira, 8 de setembro de 2009

GRAN FINALE.

Dias estranhos estes, de chuva fora do tempo. Parece que alguma coisa tá mal arranjada lá na central de controle. Ou é apenas uma maquinação para nos fazer pequenos, quero dizer, para nos fazer tomar consciência disto. Eu gosto desse estrondo, desse céu prestes a cair, como se o demônio subisse para uma visita e levasse seu decorador pra enfeitar a entrada. Gosto da chuva pesada no toldo de lona e nas telhas de metal, trilha sonora matadora. Embala o sono, mas enfia a inquietude pelos vãos, como se a hora tivesse mesmo chegado. Lembra uma bíblia que vi na infância com imagens assustadoras do nosso final, sempre aí na porta, na boca dos pastores na madrugada. Mas nada vai terminar como querem, numa catástrofe em 3D. Daqui da minha janela, enquanto o céu se revira e se reveste em chumbo, na côr e no peso, eu meio que sei que vamos aos poucos, aos costumes, no rastro dos nossos erros e acertos, causa e efeito. Todos nós sabemos disto. Esses temporais apenas dão mostra de um final espetacular e digno que não fazemos por merecer.