terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A PAISAGEM NA JANELA EM DIAS DE CHUVA.

Pode ser que passe tudo, junto com a chuva, as feridas. E que se movam os dias para tempos melhores. Que venha até mesmo o tédio pra quebrar estas horas de tormenta.
Chove sem parar, e junto um fluxo constante de memórias, velhas impressões. Enganosas, talvez. Dizem que a história real vai sendo substituida pelas lembranças ao longo do tempo. Restam fatos corrompidos e pouco confiáveis. Mas, talvez, mais poéticos que os originais. E que vão fechar na velha piada: Um dia ainda vamos rir de tudo isto.
Fico pensando quanto tempo eu já gastei olhando através de janelas. Desde aquela, com um pedaço da vidraça quebrada junta à pia da cozinha, onde eu me sentava e esperava até meu pai chegar, até esta sob um toldo de lona. E o que junta as duas pontas é o ritmo da chuva, pausado, constante, dolorido. A janela da casa do sítio onde passei várias noites sozinho e pensava nos filhos que eu tinha deixado pra trás, por medo de morrer, por medo de não ter um rumo, por uma tentativa de redenção. Pelo que jamais me perdoarei, conforme a sentença que a chuva descreve agora, ao bater no toldo.
Tudo vai andar amanhã independente de vontades ou impressões. Com chuva ou sem ela, tudo segue. Apenas que com o sol a paisagem na janela trás memórias mais alegres, algum tipo de alívio.

Um comentário:

Monica disse...

cada janela tem sua paisagem, tambem vai depender do dia, das expectativas e da temperatura, alem das passagens anteriores, mas tenha certeza de que algumas visões dependem unica e exclusivamente de nós. Nao importa o que vc tá vendo, eu sempre vejo seu sorriso, mesmo que "embuscado"....
Beijos