sábado, 10 de maio de 2008

PODE DEIXAR QUE A GENTE CUIDA DOS CHINESES















Preocupados com o crescimento do consumo interno de alimentos, os chineses estão pensando em adquirir terras em outros países para cuidar do assunto. Simples, não? Compram terra barata por aqui, por exemplo, e exportam para eles mesmos. E é bom tomar cuidado porque os chineses não negociam sozinhos, estão sempre em grupos (ia dizer bandos, mas pode não ser politicamente correto).
Já me adiantando à esta questão, estou de conversas com um amigo meu que possui vastas extensões de terra aqui no litoral, ali pela região de Peruibe. Ele havia comprado estas glebas anos atrás, quando foi procurado por um grupo imobiliário que estava responsável pela área e envolvia partilha entre herdeiros, estas coisas boas de assistir, quando o ser humano coloca para fora o melhor de si. A abordagem é que foi inacreditável. De acordo com ele, numa tarde em que estava em seu escritório, com um sol fraco de inverno batendo na janela e uma preguiça grudada em suas costas desde o meio-dia, alguém lhe telefonou, e já lhe chamando pelo nome completo, identificou-se como sendo de um grupo muito especial de corretores, com um negócio daqueles da China (entenderam, entenderam???). O meu amigo, sempre pronto a desviar o rumo de qualquer conversa quando sentia cheiro de trabalho, ou de confusão, que sempre dá trabalho, perguntou como teriam chegado ao seu nome. E daí a revelação surpreendente: numa sessão do curso de paranormalidade entre doutores da USP, quando se fazia testes para verificar a utilidade econômica desta ciência, naquele momento, com todos os mestres de mãos dadas, surgiu o nome inteiro do meu amigo, como sendo um possível beneficiário do empreendimento imobiliário utilizado como parte fundamental daquele experimento científico. Convenhamos: esse pessoal de vendas e marketing não descansa. Quem já ouviu falar de uma abordagem desta pra vender um terreno no litoral? Mas não era um terreno, eram glebas imensas. Segundos depois, enquanto fazia hora na máquina de xerox, meu amigo pesou a resposta que havia dado: iria pensar. E deixou o telefone de casa. Quem conhece os esquemas de vendas sabe que numa situação assim o inferno está devidamente instalado. Bom, se a paranormalidade é uma benção de Deus (disseram isto pra ele), então ele devia ser um escolhido do Homem. E caiu de cabeça no negócio. Convenceu o sogro a vender o carro e tirou um empréstimo no banco, tendo o cunhado como fiador. Alguem tinha que entrar com o dinheiro já que a parte dele ele já havia feito, que era ter sido indicado pelo pessoal do outro lado, você sabe, lá...do outro lado. Essa glória não é pra qualquer um. Como em coisas assim o desgôsto é certo, depois de vistas todas as fotografias aéreas do empreendimento feitas por "profissionais da nossa confiança", fechou-se o negócio. E marcou-se o dia para visitar o local.
Resumindo: parte das glebas ficavam praticamente dentro d'água, outra parte em reservas ambientais, e um restinho em áreas onde, com alguns caminhões de terra e muita reza, poderia se fazer alguma coisa.
Essas "terras" continuam lá, se arrastando dentro um processo judicial interminável. O importante é que os herdeiros ficaram todos felizes, os advogados antes deles, e o curso de paranormalidade da USP saiu um pouco arranhado do episódio. Mas coisa assim bem de raspão mesmo, já que o pessoal da USP é muito bem relacionado na mídia e logo o assunto sumiu das redações. A amizade é uma coisa muito boa.
Voltando ao início, eu e meu amigo estamos de conversações para ver um jeito de passar a perna nos chineses, um povo sabidamente ruim de negócios e fácil de enganar. Se juntar isto à esperteza do meu amigo e à minha, que acabei de comprar um chevette 78 com menos de 2000 km rodados, "não saía da garagem" me garantiu o vendedor, a coisa vai.

4 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo novo blog. O visual está bonito (só podia ser comentário feminino)e....os chineses!!!! É só o que vejo...Hahaha!!!Bjs.

Gi R.

Luiz D. Lago disse...

Valeu Gi. Um beijo.

Afren disse...

Meu caro,

Os textos continuam ótimos.

Abraço e Feliz Dia das Mães

Luiz D. Lago disse...

Caro Afraates,
Muito obrigado. Apareça sempre. Um abraço e feliz Dia das Mães pra você também.