Fazer planos e mantê-los ativos faz parte de estar por
aqui, de desejar realizar algo. Não consigo ver qual o objetivo em estar vivo
se não tenho nada a atingir. Não sei se vou conseguir chegar onde quero. Às
vezes acho que sim, muitas vezes duvido. Essa balança acontece o tempo todo e é
muito difícil conviver com isto.
Quando olho o monte de papeis e o tempo gastos
todos estes anos, chego a ficar desapontado, até meio depressivo. E de que jeito
seria diferente? Ser alguém que não sou, escrever o que não gosto, ter uma
opinião que agrada a todos, fazer de conta que está tudo bem o tempo todo?
Não tenho
amigos que me financiem, mal consigo convencê-los do que faço e de que pode
valer a pena dar um crédito. Cada um tomou seu caminho, todos têm seus
objetivos, problemas, despesas, uma vida longa a percorrer. Sou eu o velho,
caralho! Meus problemas são meus problemas.
Estou sempre perto de desistir,
hoje via anúncios de terrenos na beira de uma represa em Minas, quem sabe? Pode
ser que eu enlouqueça um dia, pode ser que eu saia pra comprar cigarros e... Ou
já pensei em comprar um barco, marcar um ponto imaginário no alto mar e
desaparecer. É um jogo, uma gangorra.
Você pode achar fácil, talvez seja fácil
pra você. Conheço pessoas assim, traçam um plano e seguem obstinadas naquilo, e
fazem sucesso e chegam lá. Não posso dizer o quanto do que ela fez era realmente
o que ela queria fazer, mas chegou lá, este é o ponto. E aqui é que a coisa
pega: Eu acredito que preciso ser honesto com meus princípios, com meu
pensamento, com o meu jeito de ver e com a maneira que eu quero fazer meus
filmes, como escrevo meus livros, meus roteiros, meus textos de teatro e tudo
mais. Já ouvi de algumas pessoas que “Norte toda Vida” é um saco pra ler. Por
que não tinha uma doçura aparente e cativante logo nas primeiras páginas? Ele
tem começo, meio e fim, só que estão embaralhados de uma forma que você precisa
mesmo gostar de literatura e poesia pra encarar a tarefa. E você também precisa
saber que quem escreveu aquilo é teu vizinho, amigo, um cara com quem você esbarra
todo dia, não o escritor da hora recomendado por aquela revista semanal. Eu não
vou escrever “fácil" só porque algumas pessoas têm preguiça de ler. Estou
errado? Pra mim, não, eu estou certo.
Uma coisa que penso de uns anos pra cá, e
que demorei muito a aprender, é que só eu sei qual a história que eu quero
contar, só eu sei como começa e termina. Que me perdoem aqueles que acreditam
em roteiros escritos a cinco mãos, mas isto não existe. Você chega a uma história,
mas aquela que você queria contar morreu no processo.
Então é isto. Continuo,
mas contra uma vontade muito foda que me acomete de vez em quando de jogar tudo
pra cima e tomar outro rumo. Talvez acabe fazendo isto, ainda que por uma paz
temporária, ainda que pra buscar um pouco de fôlego ali adiante.
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