quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Eu me lembro bem. Era uma casa de um amarelo desbotado, fincada numa encosta. Dobrando o morro, o rio. Depois dele, o nada.
Na soleira da porta, um pedaço de tábua com tampinhas de garrafa pregadas de boca para cima onde se limpava as botinas sujas de barro. Em volta da casa, marcas de goteira cavavam o chão de dias de chuva que não cessavam nunca. Junto à parede frontal havia um canteiro de flores miúdas e sem graça. E por isto, permanecem sem nome na minha memória.
No dia em que eu cheguei, ela apareceu na janela e me viu no terreiro. Seu rosto ferveu, talvez pelo inesperado de me ver, talvez pela novidade de ter alguém por ali, um lugar distante e de poucas visitas. Ela me abraçou na escada. Seu corpo cheirava a fogão de lenha e café, o que a tornava ainda mais bela e única.
Ela me trouxe pão caseiro e uma xícara de café e sentou-se de frente pra mim, do outro lado da mesa. Sobre as bocas do fogão havia três panelas, o fogo alto. Ela preparava o almoço. Perguntei se esperava alguém. Ela respondeu que não e abaixou a cabeça. Ficamos em silêncio um tempo. Lá fora a chuva começara de novo. Ela então me olhou e disse que desde algum tempo esperava por mim todos os dias, embora sem saber porque...(texto em progresso)

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